sábado, 18 de junho de 2011

A Prova ! Lousado – Viseu em autonomia!

Tudo começou num certo dia em que eu (Ricardo), sendo natural de Abraveses (Viseu) e a residir em Lousado (Vila Nova de Famalicão), lembrei-me de ver qual seria a distância e o tipo de terreno em linha recta desde a minha residência até à dos meus pais em Viseu. A descoberta não foi feliz, pois o trajecto literalmente traça a “cordelheira” montanhosa da serra do S.Macário, Caramulo e afins. . . e então o projecto parou logo por ali em apenas uma simples linha recta feita no Google Earth.
Uns tempos passaram, e eis que no jantar de natal da empresa em 2010, comento esse meu pensamento com mais alguns elementos BTTistas, rapidamente o nosso amigo Freitas, no meio de uma coxinha de Frango com Broa, diz exactamente estas palabras:
“Trate de fazer o track que eu vou consigo, organize isso e diga pra quando é o arranque.”
Bem, tais palavras não podiam ficar sem resposta, e cumprindo as “ordens” do amigo Freitas, o resultado foi este:


O track, a vermelho, estava feito e pelo Google Earth previa-se uns +/-140 km e um acumulado de subida de quase 5000 m, bastava agora organizar o restante e definimos logo que tal previsão teria de ser feita em 2 dias.
Grande parte do track era totalmente desconhecido, no entanto com uma analise mais cuidada sabíamos de no primeiro dia de manhã a coisa seria toda ela transitável e com 3 montanhas transponíveis. Almoçando pela zona de Entre-os-Rios (onde o track mais se afasta da linha recta), a dureza e plena aventura viria da parte da tarde.
Conversa puxa conversa e o objectivo de fazer a aventura passou para dia e meio, sendo a taça o almoço de Domingo oferecido pelos meus Pais, para os aventureiros e respectiva comitiva (as esposas e filhos que nos iriam buscar de carro), assim era quase obrigatório que a dormida fosse no cimo da montanha, no S.Macário à cota 1050 m de altitude.
Plano efectuado e acertados os 5 participantes, definimos a partida para o dia 18 de Junho de 2011, até lá fomos treinando. . .
Após o Treino da ida a Ponte de Lima (já neste Blog relatado), temos a primeira baixa, o amigo Berto decide não participar na ida a Viseu. Uma semana antes da partida, o amigo Bruno por motivos alheios é também obrigado a abandonar a aventura.
Restamos então 3 aventureiros. . . Eu (Ricardo), o Freitas e o Paulo.

1º Dia da Prova!
Sabíamos que tínhamos 3 montanhas para vencer de modo a merecer o almoço, no entanto verificámos que na prática a coisa foi mais dura do que aparentava e com furos à mistura.
A descer a terceira montanha já para Entre-os Rios, a coisa estava a saber tão bem que confiantes que haveria onde almoçar na margem Sul do rio Douro, avançámos a ponte e começámos a subir em busca do restaurante, eis que a fraquesa toma conta de nós e junto de um habitante que passava perguntámos onde almoçar, ao que ele nos sugere ir para trás até à margem norte em Entre-os-Rios, logicamente para trás estava fora de hipótese e como tal seguimos novas indicações que nos sugeriram ir até Castelo de Paiva almoçar resultando numa manhã de +/- 55 km e feita mais uma montanha que o previsto, mas eram 13:30m estávamos nós a gastar 5 Euros por pessoa num almoço completo, tal qual havíamos previsto.
Após o almoço, apesar do amigo Freitas querer dormir uma sesta decidimos adiantar caminho e como era a descer lá o conseguimos convencer a arrancar.
Alguns quilómetros à frente começamos a deixar as povoações e a entrar nos campos/montes e a tentação de assaltarmos as árvores de fruto começa a provocar-nos de tal modo que sem saber-mos o que nos esperava, por volta das 18:30, na ultima cerejeira, por e simplesmente abancámos-lhe em cima. . .
Já relativamente satisfeitos e recolhido algum mantimento para mais tarde, lá avançámos caminho para enfrentar os grandes “Touros” que nos esperavam, os verdadeiros montes.
Autenticas “paredes” intransitáveis que tiveram de ser superadas empurrando as nossas “meninas” à mão carregadas com alforges e todo equipamento, o que totalizava uns 35-40 kg..
Parede após parede e na espectativa que na curva seguinte fosse o fim do nosso calvário, quando chegamos a um dos cumes e começamos a descer, verificamos que a descida tinha de ser feita quase à mesma velocidade da própria subida, caso contrário corríamos o risco de cair-mos ou danificar-mos os suportes dos alforges.
Com todos este lento subir e descer, a noite foi-se aproximando e o objectivo (S.Macário) já à vista, parecia tão perto mas ao mesmo tempo tão longe que decidimos jantar e dormir na aldeia anterior ao S.Macário, a aldeia de Covas do Monte.
A descida para a referida aldeia foi um autêntico trabalho em equipa, apenas havia 1 elementos com verdadeiras Luzes a iluminar o trajecto, e os restantes 2 elementos a seguir caminho +/- por intuição e com o que conseguiam ver, lá entrámos na aldeia por volta das 22:00 onde fomos recebidos por uma matilha de cães que não nos deram espaço até começar-mos a sair da aldeia, o que também não foi difícil uma vez que este tipo de aldeias são meia dúzia de casas.
Íamos já a sair da aldeia quando reparamos que se saíssemos de lá sem jantar, não havia qualquer iluminação onde pudéssemos jantar, então regressámos ao poste de iluminação mais próximo e ali mesmo no meio da estrada (muito inclinada) fizemos o nosso jantar com “material” que já tínhamos preparado de casa, Panados, rissóis, bifes, bolos de bacalhau, as cerejas que recolhemos etc etc. .
O frio começou a tomar conta de nós e era urgente encontrar-mos onde poder montar as tendas e fazer a merecida pausa.
Toca a mexer e novamente fizemo-nos ao caminho igualmente com ela à mão devido à inclinação da estrada que embora sendo de alcatrão era uma verdadeira parede e as pernas já não mereciam tal martírio.
Umas centenas de metros à saída da aldeia, lá montámos acampamento e finalmente dados o dia  com encerrado, cujo resultado:



2º Dia da Prova!A titulo de conclusão, podemos dizer que foi uma verdadeira aventura que para ser repetida terá de ser repensada principalmente os track’s nos montes e no tempo.
Com uma noite +/- dormida, por volta das 6:30 da manhã a malta pôs-se em pé e tomado o pequeno almoço, desmontado o acampamento, arrumado as trouxas eram 7:30 e já nós continuávamos a nossa viagem novamente empurrando as meninas carregadas.
Após 1h30 minutos com ela à mão e os olhos completamente rendidos às paisagens, somos chegados ao cume da serra do S.Macário, onde ao lado das torres eólicas podemos avistar num fundão a turística Aldeia da Pena.
Seguindo viagem e como estava tarde, decidimos ir pela estrada asfaltada mais próxima para assim podermos rentabilizar o tempo.
Como estávamos no cume, era hora de descer, e o melhor de tudo foi ver alguns coelhos selvagens a saírem do caminho enquanto nós passávamos. . magnifico. .
Com uma descida de 10 km, chegámos a Macieira e direccionados pela estrada a Sul, foi relativamente simples que estando em Sul, nos virámos com destino a S.Pedro do Sul, e aí sim. . eu pessoalmente estava em terreno perfeitamente conhecido, tão perfeitamente que sabia que de S.Pedro do Sul até Viseu eram 20 km sempre a subir, mas ao menos transitáveis.
Umas paragens para fotos, e algum reforço alimentar energético e de descanso e por voltas das 12h e 22 minutos, os 3 aventureiros chegam ao destino cumprindo o objectivo de chegar até às 12h30 m.



Aspectos positivos:
- O almoço de Domingo no destino;
- As paisagens principalmente nos montes;
- O convívio proporcionado pelos 3 aventureiros;
- O campismo selvagem;
- As cerejas com “receio” (bichos);

Aspectos a melhorar:
- Os track’s a percorrer nos montes;
- O tempo disponível;
- Definir previamente o local da dormida junto de um rio para poder tomar banho;

Venha ela!

Total da Aventura!
Distância: 155 km
Tempo Total: 21:32 (excluindo 8:30 min da noite)
Tempo Parado: 8:22
Acumulado de subida: 4620 m

2 comentários:

FREITAS disse...

Uma crónica genial,que retrata na perfeição o que de facto se passou nesses 2 dias de autentica aventura.
Foi pena que numa aventura de falcões!? a maioria fossem INDIOS.

Ricardo disse...

Efectivamente, o amigo Freitas tem razão. . . no entanto não se esqueça da promessa em que assumiu a responsabilidade da organização/selecção da proxima prova dentro destes parametros. . Autonomia, Montes BRAVOS com dormidas em Tendas.

Aí depois, vamos a ver a resposta. .